terça-feira, 10 de maio de 2011

Figurinos comunicam: A veracidade da arte.

"O hábito fala pelo monge, o vestuário é comunicação além de cobrir o corpo da nudez, ela tem outras finalidades". Umberto Eco

Muitos sabem definir o significado da palavra teatro, mas somente um ator sente o poder dessa palavra em cada cena que produz.
Todos eles têm a função de transmitir ao público essa emoção, e para isso utilizam além de seu amor pela arte, diversos artifícios através de sua expressividade corporal, musical, facial, entonação e ritmo da voz.
O cenário e suas vestes servem por vezes de base para “entrar no personagem”. O ator quando veste seu figurino, sente-se na pele do personagem e passa a agir como ele.
A função de um figurino vai mais além que apenas vestir o ator. Ele serve também para marcar sua própria presença, chamar atenção, colocar ênfase em determinadas partes do corpo, denotar através da imagem significados, de maneira a exibir de forma sensível mensagens ao público.
As vestes fazem transparecer a época em que a história se passa, o local, os costumes de um povo, a posição social, a personalidade, a distinção de classes, a situação econômica e política. Esse conjunto apresenta um simbolismo através de cores, formas e texturas.
Os signos reforçam-se uns aos outros, se completam, e estas combinações e afinidades formam uma linguagem homogenia que deve ser transmitida. Os signos teatrais são artifícios planejados e induzidos onde os atores e os outros elementos cênicos (cenários, iluminação etc) são encarregados de passar.
Os trajes devem estar em harmonia com todo o resto dos signos teatrais, caso contrário pode haver a quebra da fantasia, e o público pode ser enviado ao mundo real.
Segundo Edith Head, estilista estadunidense: "O que um figurinista faz é um cruzamento entre magia e camuflagem. Nós criamos a ilusão de mudar os atores em algo que eles não são. Nós pedimos ao público que acreditem que cada vez que eles vêem um ator no palco ele se tornou uma pessoa diferente."
A relação do figurino também está vinculada aos elementos da narrativa como espaço-tempo, onde o figurino está presente para convercer ao público quanto ao recorte de tempo histórico (presente, futuro possível, passado histórico, etc).
O figurino pode servir à narrativa de modo a diferenciar os personagens e identificar a que clichê ou estereótipo o personagem pertence.
Ele dividido também em nove elementos, são eles: estilo, cores, volume, texturas, contexto, ambiente, silhueta, movimento da roupa e da personagem, elemento de destaque.
Os elementos de destaque são altamente perceptíveis aos olhos do público graças ao contraste de cores, cenário, personagens, elementos antagônicos e muito discrepantes, excesso de volume ou até mesmo a ausência (nus).
Todos esses elementos combinados entre si de forma a valorizar a interpretação do ator, leva-nos a certeza de um grandioso espetáculo. Seja ele em um pequeno ou grande teatro, apesar das grandes produções fazerem mais sucesso pelo mundo, uma pequena encenação bem apresentada e emoldurada por belos trajes, comunica a veracidade da arte.




segunda-feira, 2 de maio de 2011

Arquitetura Gótica no Brasil e Portugal

Não há como falar do estilo gótico português, sem mencionar o estilo manuelino (gótico tardio).
Essa expressão artística tem como tema principal, os monumentos góticos caracterizados por sua grandiosidade, o símbolo da glória de Deus. E da igreja, símbolo do poder econômico da burguesia, do estado e de todos que financiaram a elevação do emblema citadino.
O gótico nasceu na França, caracterizado por decorações com motivos da fauna e flora e com monstros (gárgulas). 
Após séculos de expansão artística, o estilo se espalhou durante quatrocentos anos para outros países como Portugal, Alemanha, Brasil, Espanha, Inglaterra, Itália e deu às igrejas uma nova grandeza. Os templos tornaram-se mais amplos e iluminados. Suas construções remetiam à verticalidade através dos arcos em ogiva. Todo seu esplendor artístico era concentrado em janelas amplas semelhantes a flores de pedra rendada que se abriam nas paredes, nos belíssimos vidros coloridos (vitrais) que traziam para o interior verdadeiras obras de arte com luzes e cores variadas que refletem nas paredes, as esculturas formadas por estátuas, capitéis, túmulos que tornaram-se mais leves.
O gótico em Portugal surgiu no final do século XII e prolongou-se através do estilo Manuelino (gótico tardio) até o século XV. Foi um movimento artístico que voltou-se para o desenvolvimento da arquitetura (construções religiosas) e das artes plásticas.
A arquitetura gótica aparece com o Mosteiro de Alcobaça. Fundado pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, sendo considerada a primeira obra totalmente gótica de Portugal.
As ordens religiosas mendicantes (franciscanos, dominicanos, carmelitas, agostinhos) expandiram a arquitetura ao construir diversos mosteiros em cidades portuguesas no século XIII e XIV.
Os principais exemplos a serem citados como gótico mendicante, são as igrejas franciscanas e dominicanas de Santarém e Guimarães, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, Mosteiro de São Francisco do Porto, Igreja do Convento do Carmo em Lisboa, atualmente todas estão em ruínas.
As ordens medievais militares contribuíram para a expansão do gótico, por exemplo, a Igreja de São João de Alporão de Santarém e o Mosteiro de Leça do Bailio (pertencente aos Cavaleiros Hospitalários), e com a Igreja de Santa Maria dos Olivais de Tomar (fundada pelos Cavaleiros Templários). Algumas catedrais Portuguesas também foram construídas no estilo gótico, como a Sé de Évora, a Sé de Silves e a Sé de Guarda.
Um marco histórico na arquitetura gótica portuguesa é o Mosteiro da Batalha, construído a mando do rei D. João I para comemorar a vitória na Batalha de Aljubarrota contra os castelhanos.
A imensa obra do mosteiro começou em 1388 e seguiu até o século XVI, influenciou muitas outras obras no século XV, como a Igreja da Graça de Santarém, a capela do Castelo de Leiria, o Convento da Nossa Senhora da Conceição, entre outras.
A transição do gótico para o estilo renascentista ocorreu de forma lenta, sendo o estilo intermediário denominado manuelino devido à coincidência com o reinado de D. Manuel I. Esse estilo mistura formas arquitetônicas do gótico final com a decoração gótica renascentista, criando um estilo tipicamente português a partir da primeira obra manuelina: o Mosteiro de Jesus de Setúbal. Atinge seu ápice com a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos, ambos em Belém (Lisboa).
Muitos castelos foram construídos e/ou reformados em estilo gótico, como o castelo de Leiria, Estremoz, Beja, Bragança e Santa Maria da Feira.
Durante o século XV e XVI, os estilos gótico e manuelino foram levados pelos portugueses a seus domínios d'além mar, particularmente as ilhas atlânticas dos Açores e Madeira. A Sé do Funchal (capital da Ilha da Madeira), é uma típica igreja gótica-manuelina.
Edificações góticas autênticas não existem no Brasil, porém o sub-estilo neogótico popularizou-se a partir do reinado de D. Pedro II. Uma das igrejas neogóticas brasileiras mais antigas é a Catedral de   Petrópolis, começada em 1884 e concluída em 1925, que abriga os túmulos do Imperador e sua família. Outro exemplo é a Igreja do Santuário do Caraça (MG), e o Palácio da Ilha Fiscal (RJ).
Temos também no Brasil, os seguintes edifícios neogóticos tardios: A Catedral da Sé (SP), Catedral de Santos, a Catedral Metropolitana de Fortaleza, de Vitória, e a Catedral de Belo Horizonte.
O neomanuelino (variante portuguesa do neogótico) está representado no Brasil em edifícios como o Real Gabinete Português de Leitura (RJ) e o Centro Português de Santos.

As imagens que seguem são respectivamente:
Mosteiro da batalha e seus vitrais (Portugal); Catedral da Sé (SP).








CURIOSIDADES:

O estilo gótico é subdividido em três categorias e as variantes decorativas:
1ª – Gótico primitivo, ou Proto-gótico: Assumem-se as idéias base e dão-se os primeiros passos com a reconstrução da Abadia de Saint-Denis localizada em Paris (França).
2ª – Gótico pleno, ou Gótico Clássico: Aperfeiçoam-se as inovadoras técnicas de construção e entra-se na fase do domínio construtivo arquitetônico com as grandes catedrais.
3ª – Gótico tardio: A expressão artística torna-se menos ambiciosa, fruto da crise econômica e da Peste negra do século XIV a par com uma religião mais terrena e mundana praticada pelas ordens mendicantes.
Variantes decorativas:
Gótico lanceolado;
Gótico radiante, irradiante ou rayonnant: Uso de linhas radicais na traceria;
Gótico perpendicular: Uso de linhas perpendiculares;
Gótico flamejante: Definido pela exuberância da decoração escultórica nos edifícios arquitetônicos.