sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sonhos de menina

Inocente menina
Será esta tua sina?
Apenas contemplam tua face divina         

Torrente de sonhos enlouquece
A noite invade e entontece,
teus pensamentos... Adormece.


Trêmula a voz alucina,
teus lindos sonhos de menina
Acorda  que a vida ensina.

Autora: Patrícia Candelária

segunda-feira, 25 de junho de 2012

serafim

 
Tu caistes de balão
em meu frágil coração
levantastes e me deste a mão

Teu olhar dizia: Acredite em mim
viva o sonho que te darei enfim
desenhado a tinta nanquim

... Absorta na emoção,
escrevi uma canção
sobre um sonho... Pura ficção

Alvo anjo e seu bandolim
não deixe que a canção termine assim
Dança comigo serafim.

* serafim: anjo da mais alta hierarquia

 Autora: Patrícia Candelária

terça-feira, 19 de junho de 2012

Literatura da Periferia - O artista cidadão


Introdução


As periferias das grandes metrópoles brasileiras originaram-se nas décadas de 30 e 40, como consequência do processo de industrialização e urbanização. A periferia paulistana se constituiu num primeiro momento pela ocupação desordenada dos espaços metropolitanos pela população rural, numa disputa por espaço urbano em busca de trabalho, nem sempre bem remunerado, aliado à histórica dificuldade do poder público em criar políticas habitacionais adequadas. Fatores que levaram ao crescimento dos domicílios em favelas.

No final do século XVIII, os primeiros assentamentos eram chamados de “bairros africanos”, áreas onde ex-escravos sem terras e sem opções de trabalho morariam.

As favelas mais modernas apareceriam somente na década de 1970, devido ao êxodo rural.

Após os anos de 70 e 80, com a globalização econômica apoiada pelo projeto neoliberal, a “periferização” se ampliou para incluir setores da cidade cujos moradores foram atingidos por um processo de “proletarização”.

A ausência de políticas públicas de educação e saúde, saneamento, entre outras, aliada a má distribuição de renda e do déficit habitacional no país tornam a periferia um espaço privilegiado de pobreza e marginalidade. A violência e o tráfico de drogas tornaram-se problemas de cunho social.

A origem etimológica da palavra favela encontra-se na Guerra de Canudos. A pequena cidade de Canudos foi construída junto a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim batizado em virtude da planta Cnidoscolus quercifolius (popularmente chamada de favela) que encobria a região. O nome favela ficou conhecido e na década de 1920, as habitações improvisadas, sem infraestrutura, que ocupavam os morros passaram a ser chamadas de favelas.

O presente artigo visa apresentar por meio de uma perspectiva crítica, a literatura crescente e desafiadora proveniente de locais de extrema pobreza advinda da globalização.

Analisamos a expressão “literatura marginal”, bem como os artistas dela existentes: moradores de rua, catadores de papel e escritores ditos periféricos.

Enfim, cidadãos que serviram de base para nosso estudo e entendimento no campo literário de uma “cultura da periferia”.

O objetivo desta pesquisa é a compreensão da literatura e suas expressões artísticas na sociedade e nas periferias.

As principais citações deste artigo serão de poetas e escritores independentes, que tiveram suas vidas modificadas pela arte e lutam para difundir a “literatura marginal” não só no Brasil, mas no mundo todo.






 

LITERATURA DA PERIFERIA

O ARTISTA CIDADÃO



Literatura: sf 1. Arte de compor escritos, em prosa ou em verso. 2. O conjunto das obras de determinado assunto.

Marginal: adj 1. Relativo à margem. 2. Que está a margem – sm. Pessoa mais ou menos delinquente ou anormal, que vive à margem da sociedade.

(Melhoramentos)



“Como sempre acontece a todo o momento feito por pessoas que estão ‘a margem’ as críticas vieram aos montes também, fomos taxados de bairristas, de preconceituosos, de limitados, e de várias outras coisas, mas continuamos batendo o pé, cultura da periferia feita por gente e ponto final, quem quiser que faça o seu, afinal quantas coleções são montadas todos os meses e nenhum de nós é incluído? A missão que todo movimento tem não é de excluir, mas sim de garantir nossa cultura, então fica assim, aqui é o espaço dos ditos excluídos, que na verdade somam quase toda a essência do gueto”.

(Ferréz, 2004)




A cultura da periferia reúne inúmeros poetas, ficcionistas, cronistas e ilustradores provenientes de bolsões de pobreza das grandes cidades brasileiras.

Fatores como problemas de ordem político-social impulsionam os jovens a se expressarem por meio de mensagens sobre drogas, abuso, morte, violência, discriminação contidas nas letras de música, poesia e em obras diversas. O enfrentamento de tais problemas leva a protestos sociais.

Na literatura os protestos fazem parte de uma vertente cultural mais ampla. Expressa por meio de autores diversos adquire importância de movimento artístico e fenômeno sociocultural, refletindo transformações econômicas e sociais das últimas décadas.

Usa-se a expressão “literatura marginal” para definir as obras literárias produzidas e veiculadas à margem do corredor editorial. A disseminação de tal termo no cenário cultural contemporâneo ocorreu com a revista Caros Amigos, que publicou nos anos de 2001, 2002, 2004 e 2011 matérias com os nomes de quase cinqüenta autores que vivenciaram a marginalidade e levam consigo uma ampla bagagem da cultura “marginal” (expressão de extensa tradição na história literária europeia desde o século XIX, mais que esteve em grande evidência no cenário brasileiro durante os anos de 1970 e 1980).

Uma das importantes referências para a literatura marginal, o compositor, violinista e poeta independente Hugo Paz, 23 anos, lançou em 2011 seu terceiro livro de poesias, “Rastros de Palavras”.  Responsável pela coordenação de diversos projetos na periferia de São Paulo, o autor destaca-se pelo seu posicionamento como ativista cultural.

“Na verdade era uma letra de música que transformei em poesia. Porque naquela época eu comecei a escrever algumas letras de rap, e fazia grafites desenhados no papel, inclusive participei com meus trabalhados da Semana de Arte e Cultura do Instituto Butantan”, explica Paz.

 

Recentemente, Paz publica sua terceira obra “Para desenhar outros fatos”, nela o autor assume um compromisso poético com a informação por meio de uma nova política estética literária. Nela está incluso o poder de transformar o futuro. Retrata temas como o mundo nu, de becos sem saída, dos ritos e riscos da metrópole.

“Giramundo”

Nas ruas desse

Seu Mundo de Vidro

As paredes giram

Ao redor das casas

E observam

As cenas

Compostas no moinho

Das incertezas.

A pistola

Com suas dúvidas

Calou-se

Desfrutando a oração

Do dia.

Os viciados em poesia

Bebiam mais um gole

Daquele novo poema.

O universo daquela tarde

Pegava carona

No bonde das ilusões

Sua próxima parada

Era…

Para outra dimensão.



Os artistas como Paz que começam a se envolver no hip hop, escrevem seus primeiros poemas, para então tornarem-se escritores independentes.

O hip hop tem sua vertente no rap cuja função é de protesto social, ou como incentivador para o crime. O rap em sua grande maioria traz letras de libertação, problemas de ordem político-social, bem como ideias revolucionárias. Como neste exemplo:  




RAP DO VP


... Tenho uma ideia a ser dada

Que tem que ser escutada de coração

Alô rapaziada... O lado certo da vida errada

De consciência e razão

Que tá se havendo

Vamos se ligá

O inimigo é o opressor que só faz se matá

Irmão negro revolucionário

Eu não me calo

O povo clama pelos irmãos de frente

Vivem na prática ser consciente

Mano responsa não trás

Tem a tranquilidade de resolvê conflitos

E a fidelidade como os seus amigos

E paz, justiça e liberdade

Tem que ter fé em deus

O corpo fechado

Para lutá contra quem não está do nosso lado

Povo se prepara para a luta

Contra o governo racista, filha da puta

Irmão negro revolucionário

Eu não me calo.

(Caco Barcellos, “Abusado, o dono do Morro Dona Marta” p. 497)



Em 1997, São Paulo e o Brasil possuía o terceiro maior índice de homicídios das Américas, a taxa de desemprego entre jovens da periferia que passava de 30% e um habitante do bairro paulistano do Capão Redondo chegava a ter 12 vezes mais chances de ser assassinado do que um morador de outra parte da cidade. Nesta época, o universo do hip hop foi expandido após o lançamento do álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s. Abriu espaço não só na periferia, mas também nas classes médias em grandes áreas metropolitanas especialmente de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Os principais artistas desse movimento além dos Racionais são: MV Bill, Thaíde e DJ Hum, Xis, Rappin’ Hood, entre outros.



Periferia é Periferia



Racionais MC's

Esse lugar é um pesadelo periférico
Fica no pico numérico de população
De dia a pivetada a caminho da escola
A noite vão dormir enquanto os manos "decola"
Na farinha... hã! Na pedra... hã!
Usando droga de monte, que merda, hã!
Eu sinto pena da família desses cara
Eu sinto pena, ele quer mais, ele não pára
Um exemplo muito ruim pros moleque
Pra começar é rapidinho e não tem breque
Herdeiro de mais alguma Dona Maria
Cuidado senhora, tome as rédias da sua cria
Porque chefe da casa trabalha e nunca está
Ninguém vê sair, ninguém escuta chegar
O trabalho ocupa todo o seu tempo
Hora extra é necessário pro alimento
Uns reais a mais no salário
Esmola de patrão cuzão milionário
Ser escravo do dinheiro é isso, fulano
Trezentos e sessenta e cinco dias por ano sem plano
Se a escravidão acabar pra você
Vai viver de quem? Vai viver de quê?
O sistema manipula sem ninguém saber
A lavagem cerebral te fez esquecer que andar com as próprias pernas não é difícil
Mais fácil se entregar, se omitir
Nas ruas áridas da selva
Eu já vi lágrimas demais, o bastante pra um filme de guerra

Aqui a visão já não é tão bela...
Não existe outro lugar...
Periferia...Gente pobre...

Aqui a visão já não é tão bela...
Não existe outro lugar...
Periferia é periferia...

Aqui a visão já não é tão bela...
Não existe outro lugar...
Periferia...Gente pobre...

Aqui a visão já não é tão bela...
Não existe outro lugar...
Periferia é periferia...

Um mano me disse que quando chegou aqui
Tudo era mato e só se lembra de tiro aí
Outro maluco disse que ainda é embaçado
Quem não morreu, tá preso sossegado
Quem se casou quer criar o seu pivete ou não
Cachimbar e ficar doido igual moleque, então
A covardia dobra a esquina e mora ali
Lei do cão, lei da selva... hã... hora de subir
(Mano, que treta, mano! Mó treta, você viu? Roubaram o dinheiro daquele tio!)
Que se esforça sol a sol, sem descansar
Nossa Senhora o ilumine, nada vai faltar
É uma pena, um mês inteiro de trabalho
Jogado tudo dentro de um cachimbo, caralho!
O ódio toma conta de um trabalhador
Escravo urbano, um simples nordestino
Comprou uma arma pra se auto-defender
Quer encontrar o vagabundo desta vez não vai ter... "boi"
Não vai ter "boi" (Qual que foi?)
Não vai ter... "boi" (Qual que foi?)
A revolta deixa o homem de paz imprevisível
E sangue no olho, impiedoso e muito mais
Com sede de vingança e previnido
Com ferro na cinta, acorda na... madrugada de quinta.
Um pilantra andando no quintal.
Tentando, roubando as roupas do varal.
Olha só como é o destino, inevitável
O fim de vagabundo, é lamentável
Aquele puto que roubou ele outro dia
Amanheceu cheio de tiro, ele pedia
Dezenove anos jogados fora!
É foda, essa noite chove muito porque Deus chora

Muita pobreza, estoura a violência...
Nossa raça está morrendo mais cedo...
Não me diga que está tudo bem...

Veveve... verdade seja dita...

Vi só de alguns anos pra cá, pode acreditar
Já foi bastante pra me preocupar com meus filhos
Periferia é tudo igual
Todo mundo sente medo de sair de madrugada e tal
Ultimamente andam os doidos pela rua
Louco na fissura, te estranham na loucura
Pedir dinheiro é mais fácil que roubar, mano
Roubar é mais fácil que trampar, mano
É complicado, o vício tem dois lados
Depende disso ou daquilo ou não tá tudo errado
Eu não vou ficar do lado de ninguém por quê?
Quem vende droga pra quem? Hã
Vem pra cá de avião, pelo porto ou cais
Não conheço pobre dono de aeroporto e mais
Fico triste por saber e ver
Que quem morre no dia a dia é igual a eu e a você

Periferia é periferia... Que horas são, não sei responder...
Periferia é periferia... Milhares de casas amontoadas...
Periferia é periferia... Vacilou, ficou pequeno pode acreditar...
Periferia é periferia... Em qualquer lugar... Gente pobre...

Periferia é periferia... Vários botecos abertos, várias escolas vazias...
Periferia é periferia... E a maioria por aqui se parece comigo...
Periferia é periferia... Mães chorando, irmãos se matando, até quando...
Periferia é periferia... Em qualquer lugar.... Gente pobre....

Periferia é periferia... Aqui meu irmão é cada um por si...
Periferia é periferia... Molecada sem futuro eu já consigo ver...
Periferia é periferia... Aliados drogados...
Periferia é periferia... Em qualquer lugar.... Gente pobre....

Periferia é periferia... Deixe o crack de lado, escute meu recado... cado... cado...






A letra dessa e de tantas outras músicas, poemas e obras da literatura marginal contemplam vidas interrompidas em sua possibilidade material e emocional. O modo como o autor expressa sua infelicidade em relação à sociedade é resultado da insuficiência financeira e também de carência de certos aspectos subjetivos como bondade, atenção, cuidado, carinho, amizade, amor. Os autores contam suas experiências como sobreviventes e testemunhas dos fatos ocorridos na periferia.

Caco Barcellos, enfatiza a ideia da ausência de representação na favela Santa Marta durante todo o contexto da obra. Por conta da morte precoce advinda da não transmissão de experiência entre as gerações, dos embates pelo poder entre grupos e do apagamento no sentido de história.

Fatos que resultam no rebaixamento da autoestima, anomia e desenraizamento comunitário.

Fato esse que traz revolta. Albert Camus argumenta em sua obra sobre a revolta do indivíduo “a afirmação implícita em todo ato de revolta se estende a qualquer coisa que ultrapassa o indivíduo, na medida em que usa mesma revolta o arranca à sua suposta solidão e lhe fornece uma razão para agir”. (Camus, O homem revoltado. p. 28).

Por toda essa reflexão em torno do pensamento de revolta de uma sociedade minoritária, seja ela racial ou socioeconômica, trazemos a tona a literatura voltada para a construção auto identitária, na contramão dos núcleos e das imagens hegemônicas.

Nesse contexto, há uma ligação entre as opressões periféricas e negras quanto à violência. Tomamos como exemplo, a série de textos do paulista Ridson, atuante no movimento Extremamente, de cordel urbano. Tratam-se de longos poema, com metrificação distribuída entre decassílabos e outros versos maiores, combinados em rimas regulares ou não, mesmo por assonâncias e aliterações, compondo uma musicalidade forte e agressiva.

“Barraco é cela, cadeia é favela / Viela é corredor, quarteirão é pavilhão e vice-versa / Que hora é essa? Interminável era / Mais de cinco séculos de plano Senzala se completam // (...) Plano Senzala: a lógica do sistema / Pobres gladiadores se matando numa arena / Irmãos divididos a fogo / Viciados, irados, armados. Povo contra povo // A diária tortura não me retira a ternura / Resistência é minha herança, minha cultura / Sobrevivo, resisto. É preciso / Sou o caco de vidro no prato do inimigo”. (FERRÉZ, Literatura marginal: talentos da escrita periférica).

O trecho acima faz referência a prisões e senzalas que seriam o sistema e a resistência de um povo que luta constantemente por sua sobrevivência.

Literariamente, classifica-se esse cenário refletido por Ferréz mais do que uma revitalização do realismo, um realismo voraz (neo-realismo, hiper-realismo, e ultra-realismo). Não se trata da linguagem em si, mas do estilo de linguagem com o objetivo de protesto social.




CONSIDERAÇÕES FINAIS



Entendemos não somente a nomenclatura classificatória e identitária de marginal, mas também o sentido da “problemática” de diversos ângulos.

Por meio de experiências autências, nossos personagens nos auxiliaram a desvendar poemas e obras diversas que exprimem literariamente a revolução das gerações minoritárias.

Classificamos de forma crítica, poemas e letras de música para uma visão mais ampla do significado do estilo de linguagem realista.

Levamos em conta artistas periféricos que exprimem o dia-a-dia das favelas e o sistema no qual estão inseridos, por meio da revolta feroz das palavras e o poder que elas tem de provocar reações, sentimentos e até mudanças na vida do leitor.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Solitária expressão da vida















Solitária expressão da vida
Que faz de ti única margarida?
A beleza da flor que te iguala
Ao perfume que o vento exala

Nesta selva de pedras serás sozinha
Poderás algum dia ser minha?
Não te arrancarei de teu pobre jardim,
Tu serás sozinha igual a mim.

No beiral de uma casa vizinha,
Linda e eterna imperas sozinha.
Esperas que o sol se aproxime enfim
Para fazer-te feliz assim

Enquanto isso, flor adormecida
Aguardes, esperes que a vida
Te leve a caminhos que não têm fim.


Autora: Patrícia Candelária

quarta-feira, 21 de março de 2012

Arte Digital – A realidade virtual com interatividade e imersão



A arte digital configura-se no ambiente gráfico computacional. Trata-se de desenhos realistas feitos sob processos digitais e manipulação de bits, cuja base está fundamentada na net arte, web arte, vídeo arte, etc.
O artista digital compõe imagens, textos, sons ou conjuntos multimídia. Sua estrutura pode ser decomposta, recomposta, indexada, ordenada ou desordenada, associada com quaisquer outras.
Os desenhos digitais têm o objetivo de transmitir sentimentos e sensações por meio dos traços e texturas. Geralmente os desenhos são feitos para games ou mesmo animações gráficas.
Os esboços e desenhos feitos no paint ganham vida em programas de modelação 3D (3d Studio max), edição de fotografias (adobe photoshop, adobe ilustrator), animação (fireworks, flash), entre outros.
Existem diversas comunidades virtuais voltadas à divulgação da Arte Digital, dentre elas, Deviantart, CGsociety e Cgarchitect. E livros que dão suporte para o estudo como o “Arte Digital”, escrito por Wolf Lieser.
Diversos artistas contemporâneos utilizam o computador como uma tela de pintura, substituindo seus pincéis e pranchetas pelos instrumentos virtuais e muita habilidade.
O precursor da arte digital no Brasil é o renomado designer das vinhetas da Rede Globo, Hans Donner que tornou conhecido outros artistas como Lívia Burity, Fabio Sasso, Cristiano Siqueira, Rodrigo Francisco, Igor Giamoniano, Bruno Bravo, Alexandre Venera, Juliana Teodoro e Michel Victor. Cada qual com sua técnica específica.
Em Portugal, Bottelho iniciou com a técnica vetorial impressa em tela de grandes dimensões.
Existem também artistas talentosos porém não conhecidos como os citados anteriormente alguns exemplos são: Luiza McAllister, Alex de Freitas (Bibi-dos-Ventos), André de Freitas (Raqsonu) e J. Modesto (Modesto), que fazem a magia acontecer.


quarta-feira, 7 de março de 2012

Meu fim de semana - A arte pela arte

No dia quatro de março, minha mãe e eu fomos visitar a exposição dos painéis “Guerra e Paz” de Cândido Portinari no Memorial da América Latina.
Ao passar pelo acesso principal do metrô / estação Barra Funda, me deparei com um grande pátio a céu aberto. O calor do meio dia e o céu azul nos convidava para um ótimo passeio de domingo.

À minha direita havia uma biblioteca cujos livros e quadros eram dispostos em prateleiras para apreciação do público e possível venda.
À minha esquerda havia uma galeria onde foram expostos os estudos de Portinari. Desde jornais e cartas até esboços de pequenos desenhos feitos em anos distintos que depois juntos formariam sua grandiosa obra.
Decidi primeiro apreciar os esboços de Portinari na “Galeria Marta Traba e Espaço Educativo”.
Feitos primeiramente a lápis, rabiscados no mesmo sentido formando simples desenhos, porém bem traçados. Os mesmos foram depois ampliados e refeitos com tinta a óleo em madeira, tornando-se admiráveis quadros.
Aqueles que chamaram minha atenção não puderam ser fotografados, já que os seguranças impediam que imagens fossem registradas. Porém a astúcia de uma estudante de jornalismo falou mais alto. Consegui uma foto da “Fera” um esboço feito no ano de 1955.

Não tive tanta sorte com os outros que gostei: “A morte cavalgando” de 1955, “Mãe” de 1955, “Mulher chorando” de 1956-1958, “Morto” de 1958, “Mãos Entrelaçadas” de 1955, “O menino brincando” de 1955 e dois quadros diferentes um denominado “Paz” de 1952 e o outro “Guerra” do mesmo ano.
Os dramáticos desenhos representam a agonia de mães que perderam seus filhos na Guerra e os mortos que dela restaram. E a felicidade que reina de uma “Terra de paz” com pessoas em comunhão, dançando em roda e brincando.
Havia escrituras nas paredes enaltecendo a obra de Portinari e sua vida.
Segundo Jorge Amado, “Cândido Portinari nos engrandeceu com sua obra de pintor. Foi um dos homens mais importantes do nosso tempo, pois de suas mãos nasceram a cor e a poesia, o drama e a esperança de nossa gente.
Com seus painéis, ele tocou fundo em nossa realidade. A terra e o povo brasileiros – camponeses, retirantes, crianças, santos e artistas de circo, os animais e a paisagem – são a matéria com que trabalhou e construiu sua obra imorredoura”.
Para Cecília Meireles, “Há muito tempo Portinari ensaiava o gesto de pintar fora dos quadros (...), de dar vôo aos passarinhos pintados e construir flores que desabrochassem todas as manhãs e adormecessem todas as noites. Compreende-se que os segredos da terra estivessem dentro dele, com as cores do mundo separadas, para que ele as reunisse nas suas invenções sobre telas”. Foi apresentado também um curta-metragem com a vida do artista.
Depois de passar pela “Galeria Marta Traba e Espaço Educativo” fui ao “Salão de Atos Tiradentes” onde peguei uma fila considerável, mas rapidamente entramos no salão principal.
O ambiente era escuro, os painéis “Guerra e Paz” estavam de lados opostos. Eram grandes demais. Os seus 14 X 10m faziam as pessoas curvarem as cabeças para apreciá-las. Pareciam dois monumentos, duas obras majestosas encantavam as crianças que deitavam no chão para não perder um só detalhe. Suas mães e pais contavam a história de Portinari e explicavam o que eram os murais.
Os adultos e jovens reunidos em círculos pareciam fascinados, risonhos e não paravam de tirar fotos. Neste ambiente, as fotos sem flash eram permitidas.
Após alguns minutos, fomos convidados a assistir novamente a um curta-metragem cujo narrador apresentava as obras de Portinari e explicava cada figura dos painéis com uma música de fundo que nos trazia fortes emoções como o medo e a tristeza da guerra e tranqüilidade da paz.
O último lugar a ser visitado, foi a Biblioteca Latino Americana, em que pude constatar a presença de outras grandes obras como livros e quadros.
Após o almoço, decidimos aproveitar à tarde num passeio ao ar livre no Parque Dr. Fernando Costa, localizado na Av. Francisco Matarazzo.
O parque é um local de natureza vasta e exuberante, com espaços para leitura e exercícios para a terceira idade. Além de atrações como o Aquário, a Arena, a Casa de Caboclo, e a Biblioteca.
É um passeio para a família, sendo que podemos encontrar pessoas de todas as idades.
Neste domingo a atração era o samba de roda. Nós conversávamos à sombra das árvores, tomávamos água de coco e fazíamos amizade ao som de sambas antigos e românticos como “Carinhoso” de Marisa Monte.
Tocados magistralmente por experientes violonistas, saxofonistas e flautistas. A célebre manifestação artística fazia suspirar um jovem casal de namorados.



As mulheres maduras cantarolavam baixinho em coro e os homens se balançavam no ritmo da música.
Após algumas horas, com o tempo já ameno, andávamos pelo parque quando avistamos galos, galinhas e seus pintinhos ciscando. Uma das atrações naturais do parque é dar pipoca ou pão aos animais e às vezes fotografá-los.
Um cardume de peixes coloridos, bela criação da natureza, se amontoava no lago para receber comida, e os cisnes faziam festa por conta do calor.
O dia terminou com o cansaço em nossas pernas, mas com o maravilhoso sentimento de percepção das coisas comuns que passam despercebidas e são perfeitas, belas e que devemos compartilhá-las sem receber nada em troca. Aprendemos o real significado da arte pela arte.




Os painéis Guerra e Paz representam sem dúvida o melhor trabalho que eu já fiz...
...Dedico-os à humanidade...

Cândido Portinari, 1957

sexta-feira, 2 de março de 2012

Ateliê de Portinari em São Paulo

A rara exposição de Cândido Portinari está em cartaz no Memorial da América Latina, e ficará aberta ao público gratuitamente até o dia 21 de abril.

Guerra e Paz

A proposta da exposição é trazer obras de formação do grande pintor brasileiro, dentre elas pinturas, desenhos, fotos, cartas, pesquisas, estudos e objetos usados pelo artista.
Os painéis de “Guerra e Paz” e outras obras foram um presente do governo brasileiro para a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.  As obras foram restauradas no Brasil e aproveitadas para a exposição a estudantes, estudiosos e ao público em geral.
As obras de Guerra e Paz têm 14 metros de altura e 10 de largura, foram pintados após a Segunda Guerra Mundial entre os anos de 1952 e 1956, por Cândido Portinari, e representa uma crítica das tragédias sociais da época.
Suas pinturas misturam cubismo, surrealismo, a arte dos pintores mexicanos e a arte figurativa. Resultando na arte moderna.

Vida e Obra de Portinari

O Lavrador de Café
Cândido Torquato Portinari (1903 - 1962), foi um artista brasileiro de renome internacional. que pintou quase cinco mil obras de grandes proporções. Dentre elas destacam-se O Lavrador de Café, os painéis Guerra e Paz e a Via Sacra; composta de 14 quadros.
Filho de imigrantes italianos, Portinari nasceu em 1903 em São Paulo. Apresentava vocação artística desde a infância. Não pode completar o ensino primário, porém aos 14 anos começou a ajudar pintores e escultores italianos na restauração de igrejas.
Aos 15 anos, partiu para o Rio de Janeiro em busca de conhecimento na Escola Nacional de Belas Artes. Começa então a demonstrar aptidão, e aos 20 anos participa de diversas exposições.
Morou dois anos em Paris, onde teve contato com artistas como Von Dongen e Othon Friesz, além de conhecer Maria Martinelli, uruguaia de 19 anos, com quem Portinari se casou.
Auto-retrato de Cândido Portinari
Em 1946, Portinari volta ao Brasil com novas idéias e muda completamente a estética de sua obra. Dedica-se então, a pintar murais e afrescos.
A imprensa sempre muito entusiasmada com o dom de Portinari expõe em 1939, três telas no Pavilhão Brasil da Feira Mundial em Nova Iorque. Os murais chamam atenção de Alfred Barr, diretor geral do Museu de Arte Moderna (MoMA).
Na década de 40, Portinari pinta dois murais para a Biblioteca do Congresso em Washington. Seu estilo muda novamente após contemplar a obra “Guernica” de Pablo Picasso.

Em 1951 Portinari retorna ao Brasil. No mesmo ano ocorre a 1ª Bienal de São Paulo com exposições destacando uma sala particular.
Em 1954 o artista apresentou grave intoxicação pelas tintas que usava, mas mesmo proibido pela medicina, continuou a pintar.
No início do ano de 1962, Portinari é convidado à Milão para uma grande exposição com 200 telas.
A vida de Portinari tem fim no dia 06 de Fevereiro do mesmo ano. O consagrado artista brasileiro morre envenenado por suas tintas.

Onde encontrar:

A exposição ocorre no Memorial da América Latina, na Avenida Auro Soares de Moura Andrade 664 – Barra Funda.
Para maiores informações contatar pelo telefone: 3823-4600
De terça à domingo e feriados das 9h00 às 18h00
Lembrando que o evento é gratuito


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ritmo e Gingado inesquecíveis - A pequena notável

"Sem voz, sem virtuosismo algum, Carmen brilhava à base de três coisas: inteligência, graça e sensibilidade!"
Cronista Antônio Maria

Carmen Miranda possuía um gingado digno de uma baiana, uma falsa baiana nascida em Portugal, mas que levava consigo a alegria e o colorido brasileiro.
Com apenas 1,50 de altura, a pequena notável foi uma mulher revolucionária para os paradigmas de sua época. Desbocada, utilizava a mesma linguagem dos homens para ser respeitada. Logo aderiu às calças compridas lançadas por Marlene Dietrich, e chocava com suas declarações.
Percussora do tropicalismo, Carmen foi uma cantora e atriz luso-brasileira que viveu entre os anos de 1909 e 1955.
Batizada em Portugal como Maria do Carmo Miranda da Cunha, veio para o Brasil após seu nascimento. Aqui, cresceu no Rio de Janeiro, em meio à boemia.
Sua carreira artística transcorreu pelo Brasil e Estados Unidos entre 1930 e 1950.
Mayirink Veiga, a primeira rádio merecedora de sua bela voz, a contratou por dois contos de réis ao mês, algo em torno de mil reais.
Em 1930, após gravar a marcha “Pra Você Gostar de Mim” de Joubert de Carvalho foi condecorada como “a maior cantora brasileira”.
Carmen estreou no cinema com o filme Alô, Alô Carnaval, em 1936, passou a fazer parte do elenco do Cassino da Urca e recebeu um convite para atuar nos EUA.
No auge do sucesso, foi detentora do maior salário até então pago a uma mulher.
No Brasil, ganhou apelidos como: pequena notável, cantora do it e ditadora risonha do samba.
Casou-se com o americano David Sebastian, em 17 de março de 1947, depois de namorar vários atores norte-americanos, entre eles John Wayne e Dana Andrews, e o músico brasileiro Aloysio de Oliveira.
Segundo os biógrafos, Carmen foi conduzida à dependência química e ao alcoolismo após o casamento.
Aos 46 anos, a pequena notável tem um ataque cardíaco, e conforme sua vontade é enterrada no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Prestigiada por milhões de pessoas, o último adeus à artista risonha e vibrante foi ao som de muito samba.



Pra Você Gostar De Mim

Taí, eu fiz tudo p'rá você gostar de mim
Ah! meu bem, não faz assim comigo não! (est.)
Você tem, você tem que me dar seu coração!
Meu amor não posso esquecer
Se dá alegria faz também sofrer
A minha vida foi sempre assim
Só chorando as mágoas que não têm fim
Essa história de gostar de alguém
já é mania que as pessoas têm
Se me ajudasse Nosso Senhor
eu não pensaria mais no amor