quinta-feira, 31 de março de 2011

Variação do Barroco: Barrocodélico no Brasil

O termo Barroco em si, designa o estilo que parte das artes plásticas e atinge seu apogeu na literatura. Este movimento foi marcante no Brasil, durante o período de 1601 e 1768.
A história do Barroco começa na idade média, e tem a igreja como protagonista em ações políticas, sociais e econômicas. Contrariando os ideais de humildade e simplicidade da doutrina cristã, alguns elementos da igreja nela se infiltraram com o intuito de participar do status alcançado através da atuação clerical, para então viver como senhores nobres ou pecadores contumazes.
Houve então, uma cisão na classe eclesiástica, concretizada pela reforma protestante de Martinho Lutero iniciada em 1517, seguido de João Calvino, em 1532.
Com a intensão de eliminar os abusos que haviam afastado tantos fiéis, a igreja organizou a contra-reforma, então foi convocado o Concílio de Trento (1545-1563), que deveria objetivar o restabelecimento da disciplina do clero e a reafirmação dos dogmas e crenças católicos. Fora então criado a Index Librorum Prohibitorum, ou seja, a Congregação do Índex que visava censurar livros contrários à doutrina católica. Assim, inquisição é reorganizada para o julgamento de cristãos, hereges e judeus acusados de não seguirem a doutrina da igreja, estabelecendo-se a tortura e a pena de morte.
Para conciliar o espiritualismo medieval e o humanismo renascentista, houve uma tensão entre o teocentrismo e o antropocentrismo. O equilíbrio entre ambas criou o estilo Barroco.
Vários artistas contribuíram para essa fase, que vem se modernizando há séculos. Na literatura barroca, destacam-se: Gregório de Mattos e Guerra, Francisco Rodrigues Lobo, Antônio Vieira, Manuel Botelho de Oliveira, e Augusto Frederico Schmidt.

Passa a saudade do que foi e é morto.
Passa a glória que eu quis e me fugiu.
Passam as próprias visões do mundo e a vida,
E é sonho quanto tive em minhas mãos.

Passam as flores nascidas mais perfeitas.
Passa a beleza, e a dor, passam tormentos.
Passa essa angústia diante o eterno nada.
Que não passa, Senhor, todo momento?

De incerteza em incerteza, a vida corre,
E nos mudamos nós, de instante em instante.
O que foi, ele próprio, sofre muda.

Só não passa este amor tão passageiro.
Só não muda este amor que é tão mudável.
Só este amor incerto é certo em mim.

SCHMIDT, Augusto Frederico. “Soneto”. In: Eu te direi as grandes
palavras. Rio de Janeiro, J. Aguilar/Brasília, INL, 1975. p. 73


As características do Barrocodélico, configuram quadros extremamente expressivos, com várias dimensões artísticas, recriando o estilo Barroco.
Há uma certa dramaticidade e o gosto pela grandiosidade nas figuras, provocada pelas cores fortes, texturas e volume, remetendo ao Pop Art (Estados Unidos – década de 50).
São misturadas figuras católicas à originalidade de artistas brasileiros, que através dos séculos foram moldando esse estilo em esculturas pitorescas. 
Aleijadinho, Antônio Francisco Lisboa e tantos outros que tiveram suas obras consagradas, foram renovados em traços e cores psicodélicas.
As obras que predominam nessa modernização são inspirações de: Passos da Via Sacra, Ceia, Horto, Prisão, Flagelação, Coroação, Cruz às costas e Crucificação.
Simone Ribeiro é uma das artistas desse gênero, suas obras, expostas há tempos nas capelinhas do conjunto monumental da cidade de Congonhas, com sua matriz e os doze profetas, foram à público, demonstrando todo o seu glamour.
As cores intensificadas são o vermelho e o azul, mas todas as cores que neles predominam demonstram não só os sentimentos da artista, mas também, o contexto histórico da época.
Há a incumbência divina não só de preservar a originalidade das obras, mas também de criar novas e inusitadas associações.



segunda-feira, 21 de março de 2011

Cantinho dos Quadrinhos

As HQs ou Histórias em Quadrinhos, tiveram início no Brasil (século XIX), o estilo dos cartuns, charges ou caricaturas eram satíricas. Mais tarde surgiram as populares tiras, que estabeleceram-se até hoje.
Já no século XX, houve o começo das publicações das revistas em quadrinhos. Apesar de nosso pais apresentar grandes artistas, a influência estrangeira foi sempre predominante, e o mercado editorial começou a publicar quadrinhos japoneses, americanos e europeus.
Atualmente o Mangá destacou-se com suas diversas facetas: Super Sentai, Metal Hero, Gekigá, Kaiju, o mangá de terror e tantos outros que divertem o público.
No caso dos comics alguns já conquistaram fama internacional como X-Men, Mulher Maravilha e outros.
Sob a influência da rebeldia contra a ditadura durante os anos 1960 e mais tarde de grandes nomes dos quadrinhos underground nos anos 80 (muitos dos quais ainda em atividade), a tira brasileira ganhou uma personalidade muito mais "ácida" e menos comportada do que a americana.
Como charge, circulou o primeiro desenho em 1837, vendida separadamente como uma litografia, de autoria de Manuel de Araújo.
Nos idos de 1960, foi lançada uma revista em quadrinhos com temas e personagens bem brasileiros. A Turma do Pererê continha ilustrações do Ziraldo (autor de O Menino Maluquinho). O personagem principal era um saci. As aventuras tinham um fundo ecológico e educacional.
Com o golpe militar, houve uma nova onda de moralismo. Esse movimento inspirou novas publicações jornalísticas cheias de charges, como O Pasquim que, embora perseguido pela censura, criticavam a ditadura incansavelmente.
Nos anos 80, foi consolidado o trabalho artístico de diversos quadrinistas brasileiros, tais como Angeli, Glauco e Laerte, que ajudaram a estabelecer os quadrinhos underground no Brasil.
Na década de 1990, a História em Quadrinhos no Brasil ganhou impulso com a realização da 1ª e 2ª Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro em 1991 e 1993 e a 3ª em 1997 em Belo Horizonte. Estes eventos, realizado em grande número dos centros culturais da cidade, em cada versão contou com público de algumas dezenas de milhares de pessoas, com a presença de inúmeros quadrinistas internacionais e praticamente todos os grandes nomes nacionais, exposições cenografadas, debates, filmes, cursos, RPG e todos os tipos de atividades.

Os desenhos, personagens e quadrinhos predominam em nossas vidas, nos divertem, e educam as crianças de nosso país.



quarta-feira, 16 de março de 2011

Lulilândia - Cultura sem censura

Lulina, nascida em Olinda trouxe para São Paulo em 2003 dois discos caseiros, uma infinidade de textos e adornos indígenas provenientes da Amazônia. Cantora e compositora, possui vários discos e um repertório musical extravagante, que certamente contribui de forma psicodélica para a cultura do Brasil.
Após pegar o violão de sua mãe, e aprender cifras através de revistas, criou a banda Lulina e os Pininhos, especializada em covers como Velvet Underground, Cat power e Neil Young.
Seu décimo CD, lançado em 2009, “Cristalina” é uma nova versão dos álbuns anteriores. Uma das canções “Meu príncipe” tornou-se um hino feminista, cantado por uma geração de garotas: “Não vem de cavalo branco, mas eu o amo mesmo assim/Prepara minha comida enquanto eu tô no botequim”.
Segundo ela, o disco é uma mistura de “coisas estranhas ou lúdicas”. O ritmo é pouco convencional, e as letras surrealistas.
No auge do mangue beat, Lulina deixou de lado o novo rock regionalista, e partiu para o som do Nirvana e Sepultura.
Em 2001 gravou treze canções sozinha em um CD batizado de “Acoustic France”, o segundo foi gravado em Recife (2002) “Cochilândia”, no próximo ano surgiu “Abduzida” retratando a maravilhosa terra de Tarsila do Amaral. Já em 2004, temos “Bolhas de pleura” e “Nublada em Surto” cujas letras transmitem épocas difíceis em sua vida, “Sangue de ET” em 2005 e “Translúcida” 2006. Em geral, suas músicas são um espelho de sua alma. Retratam a perda de sua avó, a separação com o namorado e as crises de asma que a afetavam duramente.
Buscou inspiração também, nas casas noturnas da Avenida Paulista – Astronete, Studio SP, e Milo Garage; circuito under-overground.
Recentemente Lulina, artista versátil, escreveu o “Livro das Lamúrias”, em que ela conta em ondas de inconsciência e desvario, cômicos lamentos de seu cotidiano. Das 61 lamúrias, seis partem do tema: sublimadas, didáticas, do papel, carnavalescas, masoquistas e hipocondríacas. A linguagem utilizada é direta, através de poucas palavras ela consegue expressar seus sentimentos. A obra se define de forma artística, já que para construir suas idéias, utiliza a forma, a distribuição do texto e o design, desenvolvido não pela Lulina cantora, mas pela publicitária Luciana Lins.  

Formação da Banda:
Baterista: Pedro Falcão
Guitarrista: Érico Édipo
Contrabaixista: Missionário José
Compositor: Léo Monstro
Compositora e cantora: Luciana Lins (Lulina)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Carnaval 2011 - Um banho de cultura e alegria

Neste ano, o carnaval se revelou com um grande peso artístico. Não só pelas alegorias coloridas e suas formas, mas também pelo enredo e o desempenho dos 3100 componentes que demostraram através da expressão corporal sua inspiração para o carnaval.

Na última sexta-feira, a primeira escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi foi a Unidos do Peruche, na avenida desde 1956. Levou consigo o enredo “Centenário do Teatro Municipal”, e demonstrou todo seu amor à arte através de encenações, coreografias e mímicas. Envolvendo e transmitindo cultura ao povo.
Esse deslumbrante espetáculo fez referências a grandes obras, autores, apresentações de dança contemporânea, teatros, óperas, ballet e sinfonias.
A comissão de frente, levou o tema “Apolo e as artes”. Apolo, deus solar da mitologia grega é o patrono das artes, é também a divina luz que faz brilhar, representado pelas cores laranja, amarelo e dourado. Treze atores e duas bailarinas fizeram coreografias que simbolizavam a Semana de Arte Moderna (1922), e representavam músicos, pintores e mímicos, todos vestidos com trajes de gala e um guarda-chuva, relembrando São Paulo, a terra da garoa.
Nas 24 Alas que seguiram, destacaram-se as baianas com o tema Minemosine, a deusa que personifica a memória, mãe das nove musas inspiradoras, filha de Urano e Gaia.
Pierrot Modernista – Sinfonias Tropicais – movimento musical que fez parte da Semana de Arte Moderna encabeçado pelo maestro Vila Lobos, homenageado na bateria como o Índio de Casaca.
Pagliacci com óperas curtas apresentadas antes das grandes óperas. E a ala do ballet clássico, em que grandes bailarinas dançaram o Lago dos Cisnes.
Outros artistas que tinham o intuito de renovar o ambiente artístico e cultural da cidade foram Victor Brecheret , Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral (símbolo dos Modernistas brasileiros).
Obras como “Paulicéia Desvairada” e “Os sapos” foram homenageados nos carros alegóricos.
A escola fez uma majestosa apresentação da cultura brasileira, desmistificando a banalização do carnaval.

 

Enredo: Abram-se as cortinas! O espetáculo vai começar. 100 anos do Teatro Municipal de São Paulo. A Peruche vai apresentar. Bravo! Bravíssimo!!

“Nos braços do povo
lá vem a Peruche de novo
parabéns! Ao Teatro Municipal
que é inspiração pro meu carnaval
chegou a filial do samba
podem aplaudir
o espetáculo vai começar
as cortinas vão se abrir
vem cantar, vem sambar
do erudito ao popular
a luz, divina luz iluminou
e num sonho de modernidade
minha São Paulo acreditou
e assim nasceu
o templo das artes
lar de grandes marcos culturais
a Paulicéia Desvairada
foi a sua grande inovação
com a arte brasileira em exposição
palco divino de estrelas
Bravo! Bravíssimo!!
a ópera trouxe emoção
e conquistou meu coração
palco divino de estrelas
Bravo! Bravíssimo!!
a ópera trouxe emoção
e conquistou meu coração
na dança os bailarinos contagiam
no mundo de sonhos e ilusões
na dramaturgia, fascinantes inspirações
tramas, comédias, sinfonias
e acordes musicais a tocar
fazendo a plateia delirar
o seu futuro é agora
nesse centenário de glória
vem aí a praça das artes
pra escrever uma nova história”.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Oásis da Arte

Oásis da Arte é um espaço cultural, cuja ideologia é completamente construída em torno da arte.

Para que este blog tenha um real valor social, há a obrigação de honrar os artistas através da inteligência e bom senso.
A arte é o fundamental de tudo. Temos como exemplo a poesia. Falamos a língua portuguesa graças a Camões (escritor português). Gostamos de determinado estilo musical, porque os músicos nos envolvem e nos fazem sentir o mundo através de suas vozes ou instrumentos.
A arte tem o poder de formar pessoas de modo que elas tenham a possibilidade de um outro mundo, diferente do que o "status quo" dizem que elas são.

Pode-se assim, quebrar regras... E obter arte sem censura.

Neste blog a arte tem um sentido original, há uma grande mistura de culturas e gerações, reinventando épocas.