Neste ano, o carnaval se revelou com um grande peso artístico. Não só pelas alegorias coloridas e suas formas, mas também pelo enredo e o desempenho dos 3100 componentes que demostraram através da expressão corporal sua inspiração para o carnaval.
Na última sexta-feira, a primeira escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi foi a Unidos do Peruche, na avenida desde 1956. Levou consigo o enredo “Centenário do Teatro Municipal”, e demonstrou todo seu amor à arte através de encenações, coreografias e mímicas. Envolvendo e transmitindo cultura ao povo.
Esse deslumbrante espetáculo fez referências a grandes obras, autores, apresentações de dança contemporânea, teatros, óperas, ballet e sinfonias.
A comissão de frente, levou o tema “Apolo e as artes”. Apolo, deus solar da mitologia grega é o patrono das artes, é também a divina luz que faz brilhar, representado pelas cores laranja, amarelo e dourado. Treze atores e duas bailarinas fizeram coreografias que simbolizavam a Semana de Arte Moderna (1922), e representavam músicos, pintores e mímicos, todos vestidos com trajes de gala e um guarda-chuva, relembrando São Paulo, a terra da garoa.
Nas 24 Alas que seguiram, destacaram-se as baianas com o tema Minemosine, a deusa que personifica a memória, mãe das nove musas inspiradoras, filha de Urano e Gaia.
Pierrot Modernista – Sinfonias Tropicais – movimento musical que fez parte da Semana de Arte Moderna encabeçado pelo maestro Vila Lobos, homenageado na bateria como o Índio de Casaca.
Pagliacci com óperas curtas apresentadas antes das grandes óperas. E a ala do ballet clássico, em que grandes bailarinas dançaram o Lago dos Cisnes.
Outros artistas que tinham o intuito de renovar o ambiente artístico e cultural da cidade foram Victor Brecheret , Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral (símbolo dos Modernistas brasileiros).
Obras como “Paulicéia Desvairada” e “Os sapos” foram homenageados nos carros alegóricos.
A escola fez uma majestosa apresentação da cultura brasileira, desmistificando a banalização do carnaval.
Enredo: Abram-se as cortinas! O espetáculo vai começar. 100 anos do Teatro Municipal de São Paulo. A Peruche vai apresentar. Bravo! Bravíssimo!!
“Nos braços do povo
lá vem a Peruche de novo
parabéns! Ao Teatro Municipal
que é inspiração pro meu carnaval
chegou a filial do samba
podem aplaudir
o espetáculo vai começar
as cortinas vão se abrir
vem cantar, vem sambar
do erudito ao popular
a luz, divina luz iluminou
e num sonho de modernidade
minha São Paulo acreditou
e assim nasceu
o templo das artes
lar de grandes marcos culturais
a Paulicéia Desvairada
foi a sua grande inovação
com a arte brasileira em exposição
palco divino de estrelas
Bravo! Bravíssimo!!
a ópera trouxe emoção
e conquistou meu coração
palco divino de estrelas
Bravo! Bravíssimo!!
a ópera trouxe emoção
e conquistou meu coração
na dança os bailarinos contagiam
no mundo de sonhos e ilusões
na dramaturgia, fascinantes inspirações
tramas, comédias, sinfonias
e acordes musicais a tocar
fazendo a plateia delirar
o seu futuro é agora
nesse centenário de glória
vem aí a praça das artes
pra escrever uma nova história”.
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